Na modalidade a que se chama "Xadrez por Correspondência", a versão postal é hoje pouco mais que uma memória. As partidas desenrolam-se agora pela Internet, sob controle de um servidor especializado, o que evita quase todas aquelas pechas que tornavam o xadrez por correspondência irritantemente lento e vulnerável à fraude. Quem não se lembra dos tempos de transmissão de 3 e 4 meses para alguns países de Leste, ou dos postais sistematicamente "perdidos" quando as posições se complicavam?
Outra grande modificação do "telexadrez" resulta da introdução e, sobretudo, da subida de nível de jogo do software de xadrez, bem como da proliferação das bases de dados e da informação sobre torneios difundida em tempo real pela Internet. Hoje em dia, é mais difícil "apanhar" um adversário na abertura com uma obscura novidade jogada no campeonato de uma pequena cidade búlgara, só conhecida dos assinantes de uma revista quase desconhecida - a partida constará quase seguramente dos últimos updates da base de dados e a novidade aparecerá imediatamente como mais uma alternativa na posição.
Depois, há a extraordinária força de jogo dos programas de xadrez, cuja utilização (tal como antes acontecia com a ajuda de outros jogadores na análise das posições) não é proibida pelas regras da ICCF (Federação Internacional de Xadrez por Correspondência) - desde logo porque, se o fosse, a fiscalização seria praticamente impossível. Os erros básicos quase desapareceram (numa nota pessoal: recordo-me de, enquanto Director de Torneio das primeiras edições da Taça de Portugal por Correspondência, ter notado a progressiva diminuição dos erros tácticos simples - peças "no ar", mates em dois ou três lances omitidos ou permitidos, etc. -, à medida que os programas, mesmo os mais básicos, se popularizavam).
Porque os programas são hoje tão fortes, a diferenciação passou a fazer-se entre aqueles que lhes conseguem somar a sua própria força de jogo e a capacidade humana de avaliar as posições e aqueles que o fazem pior, ou que são mesmo pouco mais do que "periféricos de output" dos computadores e se limitam a transpor as suas recomendações para o tabuleiro. Por outro lado, embora se possa jogar sem utilizar o computador nas provas em que este é autorizado, quem o faz torna-se presa fácil para as capacidades, especialmente tácticas, dos programas.
Sem prejuízo do seu rico historial no xadrez directo português, em que é, a par do Boavista, uma das equipas com mais Campeonatos Nacionais de Equipas conquistados, o Sporting tornou-se, nos últimos 20 a 30 anos, uma grande potência do xadrez à distância. O clube tem jogado com regularidade a "Champions League" da modalidade (em que, diga-se, a inscrição não está reservada aos clubes vencedores dos seus Campeonatos Nacionais) e ainda recentemente conseguiu, uma vez mais, o apuramento para a fase final (que se iniciará em breve). Entre os jogadores que o têm representado contam-se vários titulados da ICCF, com destaque para os GM Horácio Neto e Francisco Pessoa.
Precisamente estes dois jogadores terminaram recentemente a sua participação na Final do 28º Campeonato do Mundo de Xadrez por Correspondência.
Horácio Neto sagrou-se Vice-Campeão Mundial, tendo mesmo faltado só um "bocadinho assim" para o 1º lugar (bastaria ter vencido o último classificado, o ucraniano Papenin, já que o seu desempate seria superior ao de Ljubičić).
A proeza de Horácio Neto não pode fazer esquecer a grande prestação de Francisco Pessoa, que igualou o 5º lugar de Álvaro Pereira no 13º Campeonato Mundial - o que era, até agora, o melhor resultado registado por um português.
Num próximo artigo apresentaremos algumas das melhores partidas dos dois jogadores nesta prova.
Outra grande modificação do "telexadrez" resulta da introdução e, sobretudo, da subida de nível de jogo do software de xadrez, bem como da proliferação das bases de dados e da informação sobre torneios difundida em tempo real pela Internet. Hoje em dia, é mais difícil "apanhar" um adversário na abertura com uma obscura novidade jogada no campeonato de uma pequena cidade búlgara, só conhecida dos assinantes de uma revista quase desconhecida - a partida constará quase seguramente dos últimos updates da base de dados e a novidade aparecerá imediatamente como mais uma alternativa na posição.
Depois, há a extraordinária força de jogo dos programas de xadrez, cuja utilização (tal como antes acontecia com a ajuda de outros jogadores na análise das posições) não é proibida pelas regras da ICCF (Federação Internacional de Xadrez por Correspondência) - desde logo porque, se o fosse, a fiscalização seria praticamente impossível. Os erros básicos quase desapareceram (numa nota pessoal: recordo-me de, enquanto Director de Torneio das primeiras edições da Taça de Portugal por Correspondência, ter notado a progressiva diminuição dos erros tácticos simples - peças "no ar", mates em dois ou três lances omitidos ou permitidos, etc. -, à medida que os programas, mesmo os mais básicos, se popularizavam).
Porque os programas são hoje tão fortes, a diferenciação passou a fazer-se entre aqueles que lhes conseguem somar a sua própria força de jogo e a capacidade humana de avaliar as posições e aqueles que o fazem pior, ou que são mesmo pouco mais do que "periféricos de output" dos computadores e se limitam a transpor as suas recomendações para o tabuleiro. Por outro lado, embora se possa jogar sem utilizar o computador nas provas em que este é autorizado, quem o faz torna-se presa fácil para as capacidades, especialmente tácticas, dos programas.
Sem prejuízo do seu rico historial no xadrez directo português, em que é, a par do Boavista, uma das equipas com mais Campeonatos Nacionais de Equipas conquistados, o Sporting tornou-se, nos últimos 20 a 30 anos, uma grande potência do xadrez à distância. O clube tem jogado com regularidade a "Champions League" da modalidade (em que, diga-se, a inscrição não está reservada aos clubes vencedores dos seus Campeonatos Nacionais) e ainda recentemente conseguiu, uma vez mais, o apuramento para a fase final (que se iniciará em breve). Entre os jogadores que o têm representado contam-se vários titulados da ICCF, com destaque para os GM Horácio Neto e Francisco Pessoa.
Precisamente estes dois jogadores terminaram recentemente a sua participação na Final do 28º Campeonato do Mundo de Xadrez por Correspondência.
Horácio Neto sagrou-se Vice-Campeão Mundial, tendo mesmo faltado só um "bocadinho assim" para o 1º lugar (bastaria ter vencido o último classificado, o ucraniano Papenin, já que o seu desempate seria superior ao de Ljubičić).
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GM Horácio Neto (foto Record) |
A proeza de Horácio Neto não pode fazer esquecer a grande prestação de Francisco Pessoa, que igualou o 5º lugar de Álvaro Pereira no 13º Campeonato Mundial - o que era, até agora, o melhor resultado registado por um português.
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GM Francisco Azevedo Pessoa |
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