Em 14 de Julho de 1979, disputou-se, na sala de xadrez do Ateneu Comercial de Lisboa, a final da I Taça de Portugal de Xadrez. O Sporting Clube de Portugal foi o primeiro a vencer a competição.
A criação desta nova prova não foi fácil nem consensual, pois, dentro da Direcção da FPX, havia muitas dúvidas sobre a sua viabilidade. O carácter amador dos clubes de xadrez nacionais, somado à perspectiva de viajarem dezenas, ou mesmo centenas, de quilómetros para jogar um encontro de quatro partidas e, eventualmente, sair logo de prova, não permitia, à partida, esperar um grande interesse por parte das equipas. No entanto, a persistência de dois dirigentes - José Oliveira e Amadeu Solha Santos (já outra ideia deste, uma Taça de Portugal individual, nunca saiu do papel) - acabou por vencer a resistência e desconfiança dos restantes directores, e a I Taça de Portugal foi finalmente realizada na época de 1978/79. Para minimizar o problema das longas deslocações, criaram-se zonas geográficas separadas para os sorteios das eliminatórias iniciais da prova.
A verdade é que, desmentindo todo o pessimismo, a Taça de Portugal foi um sucesso e registou, na sua estreia, a inscrição de 99 equipas de todo o país, das quais 93 vieram a participar. Apesar dos inconvenientes logísticos, esta prova dava, a jogadores e equipas que não tinham habitualmente ocasião para tal, a possibilidade de jogar contra os melhores nacionais.
O Sporting apresentou apenas uma equipa, mas (felizmente) clubes houve que inscreveram quatro ou cinco. Os principais jogadores da equipa leonina foram o MI Fernando Silva, o MN Luís Santos (na altura, o campeão nacional individual), Rui Silva Pereira (a fazer a primeira época no Sporting), Victor Silva, MN João Mário Ribeiro (que não teve oportunidade de jogar), Renato Figueiredo e António Vilaça. O responsável pela Secção de Xadrez era Albano Ilharco, que escolheu para capitão de equipa o veterano Luis Enes Baptista (ambos já desaparecidos).
Os quartos-de-final opuseram a equipa leonina à equipa A do Belenenses, o campeão nacional de equipas (o Sporting viria a arrebatar-lhes o título poucas semanas depois). Os azuis foram batidos por 3½:½ (neste encontro, Renato Figueiredo substituiu Victor Silva).
O encontro mais complicado de toda a prova aconteceu nas meias-finais, numa difícil deslocação ao reduto do CDUP-A. Os portuenses tinham uma equipa jovem mas muito aguerrida, onde pontificavam Jorge Guimarães, Sílvio Santos, Pedro Palhares e Fernando Castro. Uma vitória relâmpago de Luis Santos no 2º tabuleiro (demolindo a Defesa Holandesa de Sílvio Santos em apenas 14 lances) deu a falsa sensação de uma eliminatória resolvida, mas, pouco depois, Jorge Guimarães impôs a Fernando Silva a primeira derrota em solo nacional em dois ou três anos de competição e colocou o CDUP em vantagem na eliminatória (por ter vitória em tabuleiro superior). Seguiu-se uma longa luta nas partidas dos 3º e 4º tabuleiros, ambas suspensas para serem retomadas depois de jantar. Rui Silva Pereira não conseguiu mais que um empate com Palhares, mas Victor Silva garantiu a passagem à final com uma vitória de grande qualidade no 4º tabuleiro.
Entretanto, a equipa do Benfica C culminava o seu inesperado percurso vitorioso na prova (eliminara GX Alekhine "A", GX Rio Maior, Ateneu Comercial de Lisboa "D" e Benfica "E", todos por 4:0, e o Sport Faro e Benfica, por 3:1), afastando na outra meia-final, de forma surpreendente, a equipa do Clube Atlético de Alvalade - na época, talvez a segunda equipa mais forte de Lisboa e do país. Beneficiando, é certo, de manifesto excesso de confiança do CAA, que apresentou apenas 3 tabuleiros, venceu por por 2½:1½ e conquistou assim a presença na final.
O encontro decisivo disputou-se a 14 de Julho de 1979, no Ateneu Comercial de Lisboa, com arbitragem de um dos grandes responsáveis pela existência da prova, José Oliveira.
Não obstante a boa carreira que tinha feito até ali, o Benfica C não conseguiu oferecer muita resistência ao Sporting, que se apresentou já avisado da boa prova que os adversários tinham vindo a fazer. Confirmando o favoritismo que lhes era atribuído, os leões venceram todas as partidas, conseguindo assim uma vitória por 4:0 - mas não sem que o adversário tivesse tido ocasiões para pontuar. Jogaram na final, pelo Sporting, Fernando Silva, Rui Silva Pereira, Victor Silva e António Vilaça, que defrontaram, respectivamente, Carlos Jorge Castanheira, Abel Antunes, Amílcar Miranda e Ilda Miranda. Dois habituais titulares, Luís Santos pelo Sporting e Carl Hoff pelo Benfica, não puderam estar presentes.
As partidas da final não atingiram grande qualidade, mas merecem ficar registadas como as que decidiram a final da I Taça de Portugal de Xadrez.
A criação desta nova prova não foi fácil nem consensual, pois, dentro da Direcção da FPX, havia muitas dúvidas sobre a sua viabilidade. O carácter amador dos clubes de xadrez nacionais, somado à perspectiva de viajarem dezenas, ou mesmo centenas, de quilómetros para jogar um encontro de quatro partidas e, eventualmente, sair logo de prova, não permitia, à partida, esperar um grande interesse por parte das equipas. No entanto, a persistência de dois dirigentes - José Oliveira e Amadeu Solha Santos (já outra ideia deste, uma Taça de Portugal individual, nunca saiu do papel) - acabou por vencer a resistência e desconfiança dos restantes directores, e a I Taça de Portugal foi finalmente realizada na época de 1978/79. Para minimizar o problema das longas deslocações, criaram-se zonas geográficas separadas para os sorteios das eliminatórias iniciais da prova.
A verdade é que, desmentindo todo o pessimismo, a Taça de Portugal foi um sucesso e registou, na sua estreia, a inscrição de 99 equipas de todo o país, das quais 93 vieram a participar. Apesar dos inconvenientes logísticos, esta prova dava, a jogadores e equipas que não tinham habitualmente ocasião para tal, a possibilidade de jogar contra os melhores nacionais.
O Sporting apresentou apenas uma equipa, mas (felizmente) clubes houve que inscreveram quatro ou cinco. Os principais jogadores da equipa leonina foram o MI Fernando Silva, o MN Luís Santos (na altura, o campeão nacional individual), Rui Silva Pereira (a fazer a primeira época no Sporting), Victor Silva, MN João Mário Ribeiro (que não teve oportunidade de jogar), Renato Figueiredo e António Vilaça. O responsável pela Secção de Xadrez era Albano Ilharco, que escolheu para capitão de equipa o veterano Luis Enes Baptista (ambos já desaparecidos).
Rui Silva Pereira, Victor Silva, Fernando Silva e António Vilaça actuaram na final. Anteriormente também jogaram Luís Santos e Renato Figueiredo |
A caminhada para a final não foi fácil - entrada logo na eliminatória preliminar (que se destinava a acertar o número de equipas para uma potência de 2) a receber a equipa B do Benfica, com uma vitória por 3½:½. Logo a seguir, foi a vez de o Sporting visitar a Rua Jardim do Regedor, desta vez para jogar com a formação principal dos encarnados: o Benfica A, uma das equipas mais fortes em prova. Contava, nos dois primeiros tabuleiros, com os MN João Cordovil e o vice-campeão nacional António Fernandes. Os leões venceram o encontro, muito disputado, por 3:1. Nas 3ª e 4ª eliminatórias o Sporting bateu igualmente duas das mais fortes equipas lisboetas - Ateneu Comercial de Lisboa A, por 3½:½, e Grupo de Xadrez Alekhine C (era a equipa principal, pese embora ter actuado muito desfalcada, sem Joaquim Durão nem Renato Pereira) por 4:0.
Os quartos-de-final opuseram a equipa leonina à equipa A do Belenenses, o campeão nacional de equipas (o Sporting viria a arrebatar-lhes o título poucas semanas depois). Os azuis foram batidos por 3½:½ (neste encontro, Renato Figueiredo substituiu Victor Silva).
O encontro mais complicado de toda a prova aconteceu nas meias-finais, numa difícil deslocação ao reduto do CDUP-A. Os portuenses tinham uma equipa jovem mas muito aguerrida, onde pontificavam Jorge Guimarães, Sílvio Santos, Pedro Palhares e Fernando Castro. Uma vitória relâmpago de Luis Santos no 2º tabuleiro (demolindo a Defesa Holandesa de Sílvio Santos em apenas 14 lances) deu a falsa sensação de uma eliminatória resolvida, mas, pouco depois, Jorge Guimarães impôs a Fernando Silva a primeira derrota em solo nacional em dois ou três anos de competição e colocou o CDUP em vantagem na eliminatória (por ter vitória em tabuleiro superior). Seguiu-se uma longa luta nas partidas dos 3º e 4º tabuleiros, ambas suspensas para serem retomadas depois de jantar. Rui Silva Pereira não conseguiu mais que um empate com Palhares, mas Victor Silva garantiu a passagem à final com uma vitória de grande qualidade no 4º tabuleiro.
Entretanto, a equipa do Benfica C culminava o seu inesperado percurso vitorioso na prova (eliminara GX Alekhine "A", GX Rio Maior, Ateneu Comercial de Lisboa "D" e Benfica "E", todos por 4:0, e o Sport Faro e Benfica, por 3:1), afastando na outra meia-final, de forma surpreendente, a equipa do Clube Atlético de Alvalade - na época, talvez a segunda equipa mais forte de Lisboa e do país. Beneficiando, é certo, de manifesto excesso de confiança do CAA, que apresentou apenas 3 tabuleiros, venceu por por 2½:1½ e conquistou assim a presença na final.
Jornal "Sporting", 19 de Julho de 1979 |
O encontro decisivo disputou-se a 14 de Julho de 1979, no Ateneu Comercial de Lisboa, com arbitragem de um dos grandes responsáveis pela existência da prova, José Oliveira.
Não obstante a boa carreira que tinha feito até ali, o Benfica C não conseguiu oferecer muita resistência ao Sporting, que se apresentou já avisado da boa prova que os adversários tinham vindo a fazer. Confirmando o favoritismo que lhes era atribuído, os leões venceram todas as partidas, conseguindo assim uma vitória por 4:0 - mas não sem que o adversário tivesse tido ocasiões para pontuar. Jogaram na final, pelo Sporting, Fernando Silva, Rui Silva Pereira, Victor Silva e António Vilaça, que defrontaram, respectivamente, Carlos Jorge Castanheira, Abel Antunes, Amílcar Miranda e Ilda Miranda. Dois habituais titulares, Luís Santos pelo Sporting e Carl Hoff pelo Benfica, não puderam estar presentes.
O comentário de Vasco Santos no "Mundo Desportivo", 16 de Julho de 1979 |
As partidas da final não atingiram grande qualidade, mas merecem ficar registadas como as que decidiram a final da I Taça de Portugal de Xadrez.
Esta foi a primeira das 4 Taças de Portugal conquistadas pelo Sporting, 78/79, 83/84, 84/85 e 98/99. Foi também finalista vencido em 3 ocasiões - as duas últimas em 2014/15 e 2015/16.
Comentários