Avançar para o conteúdo principal

Ainda o Campeonato do Mundo: GM Horácio Neto - GM Tansel Turgut

Se algo caracteriza o actual xadrez à distância, assistido por computadores, é a quase perfeição das partidas - nas quais a extraordinária capacidade do humano para reconhecer padrões e intuir possibilidades se junta à precisão dos programas para produzir um xadrez quase sem erros. Porém, "quase" não é "sempre", e ainda os vemos acontecer, umas vezes por culpa dos parceiros de silício, outras devido ao "componente de carbono". Neste último caso, são amiúde absurdos e resultam, por exemplo, de um mau manejamento da ferramenta de introdução de lances (dados os mecanismos de segurança destes, que pedem primeiro o movimento e depois a sua confirmação, às vezes me interrogo sobre se estes erros garrafais não se deverão a consumo de demasiadas garrafas... :) ). Já os erros a lançar na conta dos programas são habitualmente mais subtis, e para os detectar é necessária uma compreensão do jogo que, por enquanto, ainda é difícil de programar. Aqui entra a sabedoria de quem vai ao volante para dirigir a análise do programa para o caminho certo.


GM Horácio Neto


 A partida de Horácio Neto que vamos ver não é, de entre aquelas que disputou no recente Campeonato do Mundo, a que ele prefere. Não é, diz, porque "tem muito fogo de artifício, mas no fundo decidiu-se com 1 erro". Com efeito, apenas um erro, mas um erro que era a escolha de todos os programas nos quais corri a partida - pelo menos a primeira escolha e que durou até eu interromper a análise (admito que não muito tempo). Foi preciso que Neto "desconfiasse" dessa escolha e conduzisse a variante um pouco para a frente, no sentido certo, para perceber o que o GM turco Turgut não detectou - que aquele lance aparentemente natural conduzia a um desastre inevitável para as negras.

 Vejamos a partida, com comentários de Horácio Neto(*) e duas "bocas" minhas.


(*) Em inglês no original.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Há 40 anos, o Sporting conquistou a I TAÇA DE PORTUGAL em Xadrez

Em 14 de Julho de 1979, disputou-se, na sala de xadrez do Ateneu Comercial de Lisboa, a final da I Taça de Portugal de Xadrez. O Sporting Clube de Portugal foi o primeiro a vencer a competição. A criação desta nova prova não foi fácil nem consensual, pois, dentro da Direcção da FPX, havia muitas dúvidas sobre a sua viabilidade. O carácter amador dos clubes de xadrez nacionais, somado à perspectiva de viajarem dezenas, ou mesmo centenas, de quilómetros para jogar um encontro de quatro partidas e, eventualmente, sair logo de prova, não permitia, à partida, esperar um grande interesse por parte das equipas. No entanto, a persistência de dois dirigentes - José Oliveira e Amadeu Solha Santos (já outra ideia deste, uma Taça de Portugal individual, nunca saiu do papel) - acabou por vencer a resistência e desconfiança dos restantes directores, e a I Taça de Portugal foi finalmente realizada na época de 1978/79. Para minimizar o problema das longas deslocações, criaram-se zonas geográficas se...

Na passagem do primeiro ano desde a morte de António Moura

Fez no passado dia 4 de Novembro um ano desde que nos deixou o António Moura, finalmente vencido em longa partida contra um adversário demasiado forte. Uma perda imensa para os seus amigos e para a Secção de Xadrez do Sporting, que ficou órfã do seu entusiasmo e da sua dedicação sem iguais. Conheci o António Moura no Campeonato Nacional de Rápidas de 1976, em Abrantes, onde fomos sumariamente apresentados por um amigo comum. Era, então, uma “figura” da sua sempre querida Académica de Coimbra, que dividia com o Sporting a sua paixão clubística. Pouco tempo depois, em Agosto do mesmo ano, foi um dos mais divertidos e populares participantes do Campeonato Nacional de Juniores, quando praticamente todos os jogadores partilhávamos um dormitório improvisado no ginásio da escola secundária de Peniche. Neste torneio jogámos pela primeira vez um com o outro, na última sessão. Embora nos conhecêssemos, portanto, pode dizer-se que a nossa amizade começou a firmar-se (já ele tinh...

1981: Sporting, primeira equipa portuguesa na Taça dos Campeões Europeus de Xadrez

No início da década de 80, em plena era João Rocha,  o Sporting  fazia gala em ser o campeão do ecletismo e dedicar grande atenção às suas modalidades amadoras. Talvez por isso, foi possível obter o apoio do clube para participar pela primeira vez, em 1981, na European Club Cup , correspondente, no xadrez, à Taça dos Clubes Campeões Europeus . Estreia em casa Isento na ronda inicial, o Sporting começou a sua participação em Fevereiro de 1981, na 2ª eliminatória da III ECC, contra o KoninklijkeGentse Schaakkring Ruy Lopez (algo como Real Círculo de Xadrez de Gent), equipa resultante da fusão de dois antigos clubes da cidade de Gent. Os belgas haviam vencido por 8:4, na 1ª eliminatória, o Collegians Chess Club de Dublin.  Logo depois do sorteio, considerámos que a eliminatória estava ao nosso alcance, pois o adversário parecia ser do nosso nível ou até mesmo um pouco mais fraco, e essa impressão confirmou-se: apesar da igualdade em ambos os encontros, ...